Mês: maio 2019

Abuso Sexual na Infância – Olhar sob a perspectiva da Criança

Abuso Sexual na Infância – Olhar sob a perspectiva da Criança

“O enfrentamento do abuso sexual que tanto assombra a infância, almeja prevenir o máximo possível que as crianças continuem sendo alvo de pessoas desprovidas de humanidade.

Vamos considerar a linguagem da criança, olhar sob a perspectiva da criança, que usam de diversas formas para se comunicar com os adultos, fala através do seu comportamento, afinal quando nasceu ninguém nunca a ensinou que tinha que proteger o corpo de algumas coisas e que existem pessoas más, o mundo delas é totalmente puro!

Ela se depara com as violações mesmo sem saber que existe a palavra “violação de direitos” capaz de achar que tem a ver com violões. Então a criança mostra sinais através no seu comportamento. Sofre mudanças emocionais porque dentro de si, algo foi rompido e arrancado de dentro dela, a inocência linda que a infância tem.

O que fazer sem essa inocência?

Os primeiros pensamentos são: “o que será que eu fiz de errado”, “sou má”, ‘sou feia” a auto-estima se torna muito baixa e acredita que não merece nada, algumas se machucam porque o corpo causou tudo isso, logo esse corpo precisa ser castigado. Punido. Algumas perdem o sentido da vida, pensam “alguém podia me matar” seria uma boa solução mesmo sem ter a mínima noção do que seja morte. Sentimentos que antes ela nunca tinha experimentado vem rotineiramente: vergonha, tristeza, raiva, medo, nojo, frustração, desanimo.

As vezes ela faz xixi na cama, mesmo já tendo 9 anos, e a vergonha a domina, seus pais acham que ela virou bebe de novo, que está chamando atenção e acrescentam culpa. As vezes a vergonha é tanta que precisa se esconder das pessoas, esconder qualquer parte do seu corpo para que ninguém olhe mais para nada dela, já que não sabe ao certo  porque seu corpo tão frágil provocou aquela situação tão ruim.

Além de tudo isso, começa a ter sensações que nunca imaginava sentir, as vezes pode sentir dor e marcas nas suas partes íntimas, sensação de prazer que antes nunca havia experimentado chegam de maneira descontrolada. Algumas meninas acham que essa sensação e os comportamentos que chamam atenção para suas partes íntimas, deve ser a maneira que as pessoas vão amá-la e valorizá-la.

Anna Freud afirma que “no abuso sexual da criança, esta não pode evitar ficar sexualmente estimulada e essa experiência rompe desastrosamente a sequência normal da sua organização sexual. Ela é forçada a um desenvolvimento fálico ou genital prematuro, enquanto as necessidades desenvolvimentais legítimas e as correspondentes expressões mentais são ignoradas e deixadas de lado

Culpa ou acusação, jamais podem ser imputadas à criança. É normal que esta apresente uma conduta sexualizada, pois foi motivada prematuramente, o que não justifica a violência sexual. Entenda que não é necessário falar para a criança sobre suas hipóteses, ouça e acredite nela, identifique o estado emocional da criança. É o que mais ela precisa agora, ofereça acolhimento, se coloque no lugar da criança e não do abusador. Quem mais precisa de ajuda é a criança, não a polícia. Aproveite o momento tão doloroso para se aproximarem ainda mais. Se forem constados os fatos, você deve pedir ajuda especializada disponível nas redes públicas de proteção à criança e ao adolescente.

Antes que isso tudo aconteça, podemos evitar a aniquilação da infância, protegendo com amor! Se esforce em dialogar olhando nos olhos, se abaixe ao nível da criança quando quiser que ela te ouça com o coração. Fale na linguagem dela sem agredir seu desenvolvimento. Perceba então, a complexidade do tema em loco e a necessidade de um maior preparo dos profissionais que trabalham na rede de atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Humanização e empatia nos atendimentos públicos, ensino para prevenção nas escolas, sensibilidade e conscientização em toda sociedade.

Você já foi criança um dia, já brincou muito, e pensou que o mundo era colorido e sempre seria divertido, você também já foi adolescente e deve se lembrar  quantos conflitos passamos nessa fase até descobrir quem somos, lembre-se disso ao se encontrar com uma criança e um adolescente.

Lembramos que é dever da família, da sociedade e do estado JUNTOS garantirem os direitos da criança e do adolescente. Se comprometa com essa missão essencial para a vida, temos a semente de todos os sentimentos dentro de nós. A questão é qual você rega! O amor é a melhor forma de proteção.”

 

Viviane Vaz
Psicanalista, Missiologa, Escritora,
Coordenadora do Projeto NOVA
vivi.vaz@gmail.com

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INFÂNCIA: UM GRITO DE SOCORRO

Por Viviane Vaz

A cada 8 minutos uma criança é abusada sexualmente no Brasil, segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH).  Define-se abuso pela existência de um sujeito em condições superiores (Pautado numa relação de confiança da Criança, confundindo a criança entre cuidado e violência) que comete um dano físico, psicológico ou sexual, contrariamente à vontade da vítima ou por consentimento obtido a partir da indução ou sedução enganosa. No Brasil é Considerado Crime de Estupro de vulnerável (Art. 217-A) – “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos.” E ainda Crime de Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Art. 218-A.) – “Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.” Estima-se que no Brasil 1 a cada 5 meninas já sofreu algum tipo de abuso sexual. É o 2º tipo de violência mais comum. É impressionante saber que 2% dos casos são denunciados, desses apenas 9% são condenados. Mais ainda, quando sabemos que em 80% das denúncias, os pais, tios e primos são os principais suspeitos. São nas relações próximas que os maus tratos adquirem sua maior gravidade e frequência. Vale destacar que a pedofilia (CID.F65.4) é um transtorno de personalidade caracterizado pelo desejo sexual por crianças pré-adolescentes. Para que uma pessoa seja considerada pedófila, é preciso que exista o diagnóstico de um psiquiatra. Muitos casos de abuso e exploração sexual são cometidos por pessoas que não são possuem esse transtorno. O que caracteriza o crime é o transtorno em si, mas a atitude de violar ou explorar sexualmente uma criança ou um adolescente. O abuso sexual na infância gera inúmeros traumas e seus desdobramentos. Os mais conhecidos são, culpa e vergonha, sensação de ser mau, sujo e pouco valor, perda da confiança em outras pessoas, além de doenças psicossomáticas, vícios, limitações inter pessoais e de conquistas profissionais, impotência sexual, doenças emocionais e patológicas, compulsões (sexuais, alimentares, etc.) e suicídio. Em alguns casos ocorrem prejuízos no desenvolvimento da sexualidade, além de grande insatisfação na atividade sexual, esta última vem carregada de um sentimento de nojo durante as relações, misturando perversões nos atos com aversão das práticas, numa dinâmica de repetições doentias. Não raro, ocorrem dificuldades de relacionamento com pessoas do mesmo sexo do abusador.

Lute conosco contra qualquer tipo de abuso!

Toda criança precisa de amor e carinho verdadeiros, sem malícia e imposição. A sociedade não pode se omitir diante destas tragédias e precisa ser local de proteção, oferecendo sigilo e proteção para a vítima. Fazer justiça com as próprias mãos, agir no calor da ira e tornar públicas tais atrocidades devem ser desconsideradas. A justiça legal pertence ao estado, e a omissão também pode incorrer em delito. Serviços disponíveis como o “disque 100” devem ser divulgados a fim de que quaisquer ocorrências possam ser denunciadas sigilosamente, deflagrando ações das redes de proteção as crianças pelos órgãos regionais.

Mais informações com a psicanalista Viviane Vaz, pelo e-mail vivi.vaz@gmail.com, ou acesse o site projetonova.com.

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