Entrevista – Perspectiva de Futuro, Setor Sucroalcooleiro e Exploração Sexual, o que tem haver?

Por Jéssica Machado

Sim, todos esses assuntos fazem parte de uma mesma conversa. Em estudo (Arquivo PDF) divulgado pelo XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociais, realizado na Bahia no ano passado, o setor Sucroalcooleiro crescente e próspero em Mato Grosso do Sul, teve consequências não imaginadas. Ruins para a sociedade.

Por quê? O motivo é óbvio. Com a perspectiva de um futuro promissor para o estado como um todo, as indústrias desse setor foram implantadas em cidades do interior do estado, fazendo aumentar a população dessas pequenas cidades e assim, os problemas sociais. Um desses problemas foi a Exploração Sexual Infantil.

No dia 18 de Maio foi comemorado o Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em Campo Grande existe um programa chamado Projeto Nova que promove qualidade de vida (bio/psico/sócio/ambiental e espiritual) às famílias assistidas, com o objetivo de apresentar uma NOVA vida, baseados nos princípios de Cristo Jesus.

Como protesto, Viviane Vaz que é Coordenadora do Projeto Nova, publicou um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=6Bknx43ps5A) para contribuir nessa luta.

Repórter: Quando você percebeu que as crianças do projeto mereciam tanta atenção como as mulheres?

Viviane: O Projeto com as mulheres já existia, e através do contato com as profissionais do sexo, percebemos que um dos maiores motivos delas continuarem nas ruas era por causa dos filhos. Para dar alimento e tentar oferecer algo de bom aos filhos, que já não tinham amor paterno. Percebi também que elas tinham muita culpa e por isso não disciplinavam, e por consequência da falta de estrutura familiar se envolvem numa série de situações de risco. Foi então que nos despertamos para um olhar mais sensível a essas crianças.

R: No dia 18 de maio, você lançou um vídeo a favor do Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, porque é importante falar sobre esse assunto?

V: Porque cremos que somente falando sobre o assunto as pessoas irão prestar mais atenção em seus filhos, crianças próximas, que possam estar sofrendo com isso e estão tímidas e caladas. Creio que o Abuso Sexual na infância é mais do que um ato sexual é uma agressão muito grande na mente, na formação emocional dessa criança como ser humano. Os casos são muito mais comuns do que a sociedade pensa, e ao falar do assunto, podemos conscientizar, instruir os pais e crianças a evitarem que talvez essas crianças tenham seus futuros comprometidos.

R: Existe uma preocupação com as cidades do interior do estado também nesse sentido. O projeto tem planos de atender outras cidades?

V: Claro que sonhamos em expandir para os focos de maior prostituição, especialmente a pedofilia. Estamos atendendo uma adolescente que reside em Corumbá, mas por enquanto temos muito trabalho a fazer na nossa capital. Ainda estamos no começo do nosso trabalho.

O projeto tem por objetivo atender famílias constituídas apenas por mães e filhos, ou seja, que não tem um pai provedor. Elas são semi-analfabetas e não tem uma profissionalização, por isso vivem da exploração sexual para terem condições de se alimentar e pagar uma moradia, que muitas vezes não têm as mínimas condições de salubridade.

Deixe um comentário